CARAVELAS, NAUS E A EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA NOS SÉCULOS XV E XVI
Portugal,
um pequeno país localizado na Europa, transformou-se, nos séculos XV e XVI em
um grande império, com colônias localizadas em vários pontos do planeta. Grande
parte dessa expansão deve-se à tecnologia envolvida na construção de
embarcações portuguesas, que inovaram a forma de vencer grandes distâncias, bem
como as intempéries. Podemos, inclusive, comparar a tecnologia utilizada
naquela época às atuais naves espaciais, que levam o homem a desbravar o nosso
sistema solar.
O
documentário Caravelas e naus - um choque tecnológico no século XVI, tenta desvendar o modo de construção destas embarcações. O conhecimento era passado de forma oral, geralmente de pai para
filho, segundo Richard Unger, professor da University
of Britsh Columbia, não havendo registros escritos . De acordo com Unger, sabemos mais sobre as embarcações
de 2000 anos atrás do que sobre as caravelas e naus dos séculos XV e XVI,
justamente pela escassez de documentação de época.
Entre
as inovações trazidas pela utilização das caravelas poderíamos elencar o fato dela apresentar a capacidade de navegar contra o vento, bem como em
águas de pouca profundidade. As naus surgiram como embarcações descomunais, medindo
de 27 a 60 metros de comprimento, podendo transportar até 800 pessoas, sendo de
grande importância para viagens longas, como a realizada para o Oriente, que
levava, em média, um ano.
Todo
esse pioneirismo na construção naval levou Portugal, a partir de 1415, de
acordo com Bethencourt e Curto (2010), a iniciar sua diáspora, ou seja, a
navegar por águas nunca antes navegadas. Os autores elencam esse dado como
essencial para o êxito de Vasco da Gama ao chegar a Índia, entre 1497 e 1499.
Com isso, Portugal estabeleceu contato com outras culturas, mobilizando enormes
contingentes humanos, levando os ensinamentos cristãos e trazendo ouro, marfim,
peles e tudo o que fosse capaz de aumentar a riqueza da Coroa Portuguesa.
O
processo de colonização estendeu-se pela América, África e Ásia. Portugal se
viu dominando colônias em terras longínquas, o que levou outras nações, como a
Inglaterra e Holanda, a enveredarem pelos mares em busca de conquistas. Os
séculos XVII e XVIII são palco de disputas entre essas potências europeias.
Entretanto, Portugal, detentora da tecnologia naval necessária, ocupou
primeiramente o posto de liderança no domínio de terras, principalmente no Novo
Mundo.
Podemos
observar, de acordo com o trabalho de Bethencourt e Curto (2010), que o Brasil
tem lugar privilegiado como colônia, uma vez que, por conta de suas riquezas
minerais, pelo açúcar e outros meios de obtenção de renda, sustentou a
opulência da corte portuguesa. Nas palavras dos autores, “[...] entre 1650 e 1680 o Brasil e as
suas fontes de abastecimento africanas tornaram-se o coração incontestado do
império, e assim permaneceram durante todo século XVIII” (BETHENCOURT; CURTO,
p. 24), confirmando essa afirmação.
De fato, as incursões dos países europeus pelas
Américas, África e Ásia só foram possíveis graças ao espírito pioneiro dos
construtores navais portugueses dos séculos XV e XVI, que conseguiram inovar,
construindo caravelas e, posteriormente, naus capazes de singrar os oceanos,
desbravando distâncias e atingindo terras desconhecidas. Graças a esses
construtores Portugal mereceu seu lugar de destaque nas conquistas além-mar.
Referência
audiovisual
Caravelas e Naus: um choque tecnológico no
século XVI. Direção: António José Almeida. Produção: Telefilme. Portugal, 2007.
48 min.
Referência bibliográfica
BETHENCOURT, Francisco; CURTO, Diogo Ramada. A
expansão marítima portuguesa (1400-1800). Lisboa, Portugal: Edições 70, 2010.
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