terça-feira, 20 de junho de 2023

 

O MOVIMENTO MODERNISTA NO BRASIL


O movimento modernista foi a tentativa de artistas brasileiros imprimirem temáticas, sentimentos e valores nacionais à arte aqui produzida. A Semana de Arte Moderna foi o maior evento artístico modernista que tivemos em nosso país. Realizado em 1922, os modernistas queriam mostrar ao mundo a forma tropical de realizar a arte, fugindo dos dogmas europeus.

A Semana de Arte Moderna apresentou-se como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes no país desde o século XIX. Além disso, o evento foi um fenômeno caracteristicamente urbano, conectado ao crescimento de São Paulo na década de 1920, à industrialização, à migração maciça de estrangeiros e à urbanização.

O evento aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo, entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, e serviu para comemorar o centenário da independência do Brasil. A Semana tornou-se referência cultural no País, definindo sua adesão a novas estéticas artísticas. É um marco na História brasileira, não só do ponto de vista artístico, mas também de vista histórico, político e cultural, uma vez que novas tendências de arte e comportamento foram adotadas a partir dos profundos questionamentos lançados por seus idealizadores.

O evento foi dividido em dias temáticos, ou seja, cada dia da Semana abordou um gênero artístico:  no dia 13, o foco foi pintura e escultura; no dia 15, poesia e literatura; e, por fim, no dia 17, a música.

A principal função da Semana de Are Moderna de 1922 para a história da arte brasileira foi romper o conservadorismo vigente no cenário cultural da época. Não havia um conceito que unisse os artistas, nem um programa estético definido. A intenção era simplesmente destruir o status quo vigente.

Na época, boa parte da mídia reagiu de forma conservadora ao Movimento, referindo-se aos vanguardistas como "subversores da arte”. Monteiro Lobato foi ferrenho opositor dos modernistas. Publicou um artigo no jornal O Estado de S. Paulo que sacudiu a sociedade e a crítica. Com o título de “Paranoia ou mistificação?”, o artigo criticava ferozmente a exposição de Anita Malfatti, apesar de reconhecer seu talento. Ao longo do texto, Lobato afirma que as formas distorcidas e abstratas representadas nas obras modernistas seriam fruto de “cérebros transtornados por psicoses” e defendia a arte tradicional da época, dizendo que “todas as artes são regidas por princípios imutáveis”.

Atualmente, os estudiosos tendem a considerar o período de 1922 a 1930 como a fase em que se evidencia um compromisso primeiro dos artistas com a renovação estética, beneficiada pelo contato estreito com as vanguardas europeias – sobretudo com o cubismo, o futurismo e o surrealismo. Tal esforço de redefinição da linguagem artística se articulou a um forte interesse pelas questões nacionais, que ganhou acento destacado a partir da década de 1930, quando os ideais de 1922 se difundiram e se estabeleceram.

As ideias modernistas foram predominantemente divulgadas por intermédio de revistas que traziam em suas publicações teorias sobre a arte moderna. A principal dessas revistas foi a Klaxon, que surgiu ainda em 1922. Após a Semana de Arte Moderna de 1922, vários movimentos artísticos surgiram tais como o Movimento Pau-Brasil e o movimento Antropofágico. Os movimentos de Arte Moderna que se seguiram à Semana de Arte Moderna queriam reconstruir a cultura brasileira sobre a base de temas nacionalistas, valorizando as origens do Brasil. Os artistas acreditavam que criando uma arte que tivesse legitimamente uma “alma” brasileira, eliminariam o sentimento de que o brasileiro era um eterno colonizado, dependente de valores ditados pelos estrangeiros.

Referências:

100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. Revista Hoje é dia D, n. 32, fev. 2022.

LOBATO, Monteiro. Paranoia ou mistificação? O Estado de São Paulo, dez. 1917.

NASCIMENTO, Evandro. A Semana de Arte Moderna de 1922 e o modernismo brasileiro. Gragoatá, n. 39, 2015.