A SEXUALIDADE GREGA
Existem vários
estudos sobre a importância que as culturas helenas dedicavam ao contato sexual
entre seres do mesmo sexo biológico e a falta de influência das mulheres
perante os homens (SOUZA, 2007).
Entretanto,
antes de tudo, é necessário entendermos o contexto histórico, social e cultural para que não
sejamos traídos pelas armadilhas do anacronismo.
O que
entendemos por sexualidade, nada mais é do que um conceito moderno do qual os
gregos não compartilhavam. O próprio termo “homossexual” foi utilizado pela
primeira vez em 1869, pelo belga K. M. Kentbeny (CORINO, 2008), e o que temos
hoje, como conceito e ideia sobre sexualidade é devido à nossa herança
judaico-cristã (FUNARI, 2002).
O “amor nobre”
era baseado em uma relação de educação, pedagógica, entre professor e aluno. A
palavra pederastia é originada de paidos, em grego, menino, assim como pedagogia.
Os romanos se
referiam às relações entre homens de “amor à grega”, onde os professores, mais
velhos, relacionavam-se sexualmente com seus alunos, jovens entre 12 e 18 anos
de idade, não sendo portanto considerados “homossexuais”, pelo fato deste termo
não existir à época.
Tal costume era
generalizado entre a elite, e as classes menos favorecidas aceitavam como
normal.
Haviam banquetes
onde se comia, bebia, e filosofava. Além disso, tais banquetes, vez por outra,
transformavam-se em orgias sexuais, envolvendo homens com homens, e homens com
hetairas (as “companheiras”, não esposas).
As únicas
falhas que um homem poderia cometer era se deixar levar pela paixão por outro
homem, submetendo-se assim a passividade diante do outro; ou o descontrole que
levasse um homem a exibir modos efeminados.
Segundo Corino
(2008), em Atenas existia um bairro chamado Cerâmico, onde a prostituição,
tanto feminina quanto masculina, era liberada, e os jovens que a praticavam,
faziam pelo dinheiro ou simplesmente pelo vício em sexo. A prostituição masculina
era permitida por lei, entretanto a seus praticantes não era permitido a ocupação de
cargos públicos, por se acreditar que um homem que vendia seu corpo não
hesitaria em vender os interesses da cidade.
Além disso, as
relações entre homens de mesma idade não era bem aceita. O que se aceitava
socialmente era a relação de um homem mais velho (eraste) com seu jovem pupilo
(eromenos), como relatado anteriormente, como uma relação pedagógica.
As mulheres
gregas tinham uma única missão na terra: procriar. Eram incapazes de transmitir
conhecimento, sendo encaradas como intelectual, física e emocionalmente
inferiores aos homens, que detinham o poder político e eram responsáveis por
educar os mais jovens, que por sua vez absorveriam conhecimento, casariam,
procriariam e seriam professores de outros jovens no futuro, com quem se
relacionariam sexualmente.
Com o advento
do cristianismo e da ideia do “pecado original”, dando ao sexo o papel de
simples reprodução, o conceito grego foi abolido.
PARA LER MAIS:
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Pinsky, 2002.
CORINO, Luiz Carlos Pinto.
Homoerotismo na Grécia antiga – homossexualidade e bissexualidade, mitos e verdades.
BIBLOS, [S.l.], v. 19, p. 19-24,
jan. 2008.
SOUZA, Luana Neres de. A
sexualidade na Grécia antiga. História
Revista. Goiânia. v. 12, n. 2, p. 387-390, jul./dez. 2007.
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