MÚSICA É HISTÓRIA.
De
acordo com o autor, a música é um produto do século XX, e está intimamente
ligada à urbanização e ao surgimento das classes populares e médias em nosso
país.
A
música popular teria surgido no final do século XIX e início do século XX e,
para os críticos eruditos, representava a perda do estado de pureza sociológica
e étnica que só a música erudita era capaz de expressar.
Tal
qual o cinema, a música popular era, para a elite intelectual, um produto
dirigido para as “massas musicalmente burras e politicamente perigosas” (NAPOLITANO,
2016, p. 18), refletindo um processo de conflito estético e ideológico.
Segundo
ao autor, três fatores foram de extrema importância para a consolidação da
música popular nas primeiras décadas do século XX: o surgimento do fonograma, a
expansão do rádio como meio de comunicação de massa, e o surgimento do cinema
falado.
A
cidade do Rio de Janeiro, até os anos 1950, foi de grande importância por ser
ponto de encontro de vários estilos musicais, bem como de várias influências inter-raciais
e inter-regionais, como, por exemplo, a chegada de levas de migrantes
nordestinos, em busca de uma vida melhor.
O
autor enumera três fases importantes para a formação da tradição musical
popular em nosso país: até os anos 1920/1930, ocorreu a consolidação do samba
como gênero predominante no Brasil; a partir de 1959 até 1968, ocorreu a
mudança do conceito de música popular brasileira; e entre 1972-1979
consolidou-se o amplo conceito como conhecemos hoje de MPB.
Napolitano
conta que até meados dos anos 1940 o rádio estava em franca expansão,
principalmente entre as classes populares. A cena musical foi dominada, entre
as décadas de 1940 e 1950 pelo samba-canção, ritmo abolerado, de andamento lento.
Segundo
Castro (2015) os sambas-canções eram sambas, lentos, românticos e confessionais.
O samba fora para a
cama com a canção, numa romântica noite de bruma, e resultara neles, os
sambas-canções, com suas letras narrativas, que contavam uma história — e esta,
com frequência, se referia a um caso de amor desfeito, como de praxe nas
músicas românticas em qualquer língua (CASTRO, 2015, p. 70).
Napolitano
completa dizendo que as letras destas canções haviam perdido a ironia e o humor,
presentes nas canções dos anos 1930. À época eram carregadas de
sentimentalismo.
Com
o surgimento da Bossa Nova, em 1959, o conceito de música popular se altera. É
dada uma maior importância à mistura dos gêneros musicais brasileiros com
estilos internacionais, como, por exemplo, o jazz norte-americano.
A
década de 1960 mostra-se rica em embates no cenário musical. Os Festivais da
Canção, apresentados pela televisão, acabam por expandir o conceito de música
popular criando aquilo que seria consolidado, na década seguinte, como MPB
(Música Popular Brasileira).
Com
a chegada da década de 1980, a juventude escolheria um outro estilo musical: o rock.
Napolitano
destaca que, para aqueles que se interessam pela pesquisa no campo de História
e Música, a articulação entre texto e contexto deve ser encarada como
primordial. Além disso, deve-se articular a estrutura geral da canção que
envolve elementos de natureza diversa ao longo da análise, cabendo ao pesquisador
tentar perceber as várias partes que compõem a estrutura.
Dessa
forma, escapamos da armadilha de realizarmos nossa pesquisa analisando apenas a
letra da canção, ato muito comum em trabalhos recentes, respeitando outras
características que compõem a fonte sonora.
Segundo
o autor, o historiador que deseje se aventurar pelo campo da pesquisa
histórica-musical deve respeitar alguns parâmetros básicos para a análise da
canção, que são:
1.
Letra
1.1.
Tema geral;
1.2.
Identificação do “eu-poético”;
1.3.
Ocorrência de metáforas e alegorias;
1.4.
Ocorrência de referências literárias.
2.
Música
2.1.
Melodia;
2.2.
Arranjo;
2.3.
Andamento;
2.4.
Vocalização;
2.5.
Gênero musical;
2.6.
Intertextualidade musical;
2.7.
Efeitos
Napolitano
destaca que a música brasileira forma um enorme e rico patrimônio histórico e
cultural, sendo uma das nossas grandes contribuições para cultura da
humanidade.
Além disso, constitui território de encontros entre o local, o nacional e o cosmopolita; entre a diversão, a política e a arte, servindo como importante instrumento de pesquisa histórica.
Além disso, constitui território de encontros entre o local, o nacional e o cosmopolita; entre a diversão, a política e a arte, servindo como importante instrumento de pesquisa histórica.
É
importante lembrar que o historiador deve dialogar com outras disciplinas para
o pleno êxito de sua pesquisa. A música constitui um grande conjunto de
documentos históricos para se conhecer não apenas a história da música
brasileira, mas a própria História do Brasil.
Além
disso, nossa música possui uma importância cultural e política que tem muito
pouco paralelo em outros países.
NAPOLITANO, Marcos. História & música. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. CASTRO, Ruy. A noite do meu bem. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
NAPOLITANO, Marcos. História & música. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. CASTRO, Ruy. A noite do meu bem. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
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