segunda-feira, 15 de agosto de 2016

ESTUDO AFIRMA QUE CHEGADA HUMANA NA AMÉRICA PELO ESTREITO DE BERING É “BIOLOGICAMENTE INVIÁVEL”.

Utilizando DNA antigo, pesquisadores desenvolveram um estudo que demonstra que a chegada dos ancestrais humanos à América pelo Estreito de Bering não poderia ter sido usada, como tradicionalmente pensado. Tal estudo foi publicado nesta última quarta-feira (10/08/16) na revista Nature.


Segundo cientistas, há cerca de 14,5 mil anos atrás, abriu-se um corredor de aproximadamente 1.500 km de extensão, na região entre a atual Columbia Britânica e a camada de gelo Laurentide , no Canadá, quando lentamente, as geleiras foram recuando e dando lugar a uma ponte de terra entre a Eurásia e o Alasca, e cerca de 1.000 anos depois, segundo a teoria, os primeiros seres humanos puderam chegar à América, cruzando este “corredor livre de gelo”.

Entretanto, de acordo com Mikkel Pedersen, pesquisador do Centro de GeoGenetics da Universidade de Copenhague e autor principal do estudo, o primeiro momento em que o corredor se abriu para a passagem do ser humano foi há 12,6 mil anos atrás. E apesar da passagem estar livre não havia plantas ou animais. Ou seja, não havia meios de subsistência para o homem durante a longa e árdua caminhada em meio ao corredor livre de gelo. Lembre-se: cerca de 1.500 km sem comida ou madeira para manufaturar ferramentas ou mesmo acender uma fogueira.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram métodos inovadores em seu estudo. Ao invés de procurarem vestígios de DNA em plantas ou animais, a equipe usou um método chamado “shotgun sequencing”, que consiste em  extrair DNA antigo de plantas e mamíferos através de sedimentos, que contém fósseis moleculares preservados de substâncias como tecido, urina e fezes.

Os pesquisadores retiraram material de um local situado na passagem estreita no corredor interno, hoje coberta pelo Charlie Lake, na Columbia Britânica, Canadá. A equipe coletou evidências, incluindo datação por radiocarbono, polen e DNA de sedimentos e recolheu amostras enquanto estava na superfície do lago congelado no inverno e concluiu que até 12,6 mil anos atrás, o ambiente era quase inteiramente desprovido de vida, tornando-se assim “biologicamente inviável” para a jornada humana rumo às Américas.

Segundo os cientistas, por volta de 12.600 anos atrás, a estepe começou a aparecer, seguida rapidamente por animais como bisões, mamutes e coelhos. É importante salientar que 11.500 anos atrás, os pesquisadores identificaram uma transição para uma paisagem densamente povoada por árvores,  como também por alces e águias, que poderiam oferecer recursos para a migração humana.

Para ler mais:
The paper Postglacial viability and colonization in North America's ice-free corridor is published in the journal Nature on 10. August 2016. DOI: 10.1038/nature19085

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