O HORROR! O HORROR!
As últimas palavras do Sr. Kurtz, personagem do romance O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, traduz muito bem a sensação de incredulidade diante de uma das mais famigeradas criações da raça humana: a guerra.
A
literatura, por vezes, relata de forma magistral o que nem mesmo a História
consegue transformar em palavras. Exemplo disso é a narrativa empregada por
Erich Remarque, em sua obra Nada de Novo
no Front, onde podemos ter contato com a crueldade e insanidade que foi a
Primeira Guerra Mundial.
Segundo
Hobsbawm (1995), até 1914 não havia noticia da existência de guerras de tão alto poder
de extermínio como a Primeira Guerra Mundial, que começou como um embate
continental, entre a tríplice aliança (França, Inglaterra e Rússia) de um lado
e as “Potências Centrais” (Alemanha e Áustria-Hungria) do outro.
O
saldo das perdas de vidas humanas foi assustador: A Inglaterra perdeu meio
milhão de homens com menos de trinta anos de idade. A França entregou à morte
1,6 milhão de vidas e os alemães perderam 1,8 milhão de patrícios, demonstrando
“a natureza assassina da frente ocidental”.
Nunca,
na história humana, a tecnologia foi tão utilizada para matar. Os dois lados
inovaram com a utilização do submarinos, aeroplanos, dirigíveis e o famigerado
gás venenoso, que se mostrou de certa forma ineficaz e traiçoeiro, pois de
acordo com a vontade dos ventos, o gás poderia atacar o próprio exército que
estava a utilizá-lo como arma.
De
1914 a 1918 o mundo assistiu a um show de horrores, patrocinado pelas grandes
potências mundiais de então, com soldados entrincheirados, uns diante dos
outros, entre ratos e piolhos, alimentando a grande máquina da morte que foi a
Primeira Guerra Mundial.
A
partir de 1917, com a entrada dos Estados Unidos no confronto, o desfecho que
tendia para a vitória alemã, mudou. A Alemanha acabou capitulando. Entretanto, devemos observar que não houve vencedores. A guerra arruinou todos os lados. A Europa
ficou em frangalhos com os países destruídos e as economias arruinadas.
Além
disso, as exigências que foram feitas à Alemanha derrotada serviriam para
alimentar o rancor e o revanchismo, combustíveis explosivos que dariam início à
Segunda Guerra Mundial.
A
humanidade não havia aprendido a lição.
Para
ler mais:
HOBSBAWM, Eric. A Era
dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995.
REMARQUE,
Erich. Nada de novo no front. São
Paulo: Abril Cultural, 1981
CONRAD,
Joseph. O coração das trevas. Porto
Alegre: L&PM, 2001.