XIITAS E SUNITAS
As palavras têm o poder de, com o tempo, adquirirem novos significados. Quando ouvimos a palavra xiita, por exemplo, nos vem à mente a figura de pessoas extremistas e violentas. Mas você sabe o que originalmente significa xiita? As palavras xiita e sunita advém do islamismo, religião surgida na península arábica na segunda metade do século VII. O islamismo é uma religião monoteísta que prega a submissão aos preceitos de Alá.
Fundada por Maomé, o islamismo
alterou a configuração religiosa do Oriente Médio, África e até Europa. Segundo
a tradição, Maomé teria recebido revelações de Deus, em 610 tendo sido
escolhido para ser o último profeta enviado à humanidade.
Após a tomada de Meca pelos seguidores de Maomé, em 630, o islamismo foi se espalhando pela península arábica, unificando os diversos povos, e dando a eles não só uma unidade religiosa, mas sobretudo uma unidade política, centralizada na figura de Maomé, que foi o líder político-religioso até sua morte, em 632. Após a morte de principal líder da nova religião, dois grupos passaram a lutar pelo direito de sucessão: os xiitas, que defendiam que apenas alguém ligado por laços familiares poderia suceder a Maomé; e os sunitas, que defendiam o direito de sucessão por eleição pelos membros do Islã.
No primeiro momento, a
corrente xiita venceu. O sucessor de Maomé foi um membro de sua família. Seguiram-se
outros três sucessores pertencentes ao círculo familiar do profeta até o ano de
661, quando os sunitas da família Omíada tomaram a liderança do islamismo,
expandindo seu poder pela península ibérica.
O islamismo não se espalhou
por toda Europa ocidental porque foi barrado em 732, por Carlos Martel, avô de
Carlos Magno, na Batalha de Poitiers. Os xiitas, aqueles que defendiam a
liderança do islamismo por alguém ligado à linhagem de Maomé, tentaram, por
várias vezes, retomar o califado, mas foram subjugados pelos sunitas.
Após inúmeros desentendimentos, os dois grupos se confrontaram na Batalha de Karbala, em 680. Nessa batalha, membros da linhagem de Maomé foram mortos, o que causou o rompimento completo entre sunitas e xiitas. As diferenças entre xiitas e sunitas se agravaram com o passar do tempo. Longe do poder, os xiitas passaram agora a discordar sobre a escolha de seu imã, líder religioso, o que causou novas rupturas internas. Os xiitas se dividiram em várias correntes, sendo as mais importantes os duodécimos, os ismaelitas e os zayditas.
No mundo atual, são de
tendência xiita os governos do Líbano, Síria, Iraque e Irã. O Irã, inclusive,
merece um capitulo de destaque na ascensão xiita, pois a Revolução Iraniana, de
1979 fez o país sair da área de influência dos Estados Unidos para se tornar um
grande antagonista da política e da cultura norte-americana, nomeando seu
antigo aliado de “O Grande Satã”.
Apesar de os xiitas dominarem
politicamente alguns países, os sunitas são a maioria entre os muçulmanos — mais
de 80 por cento de toda a população islâmica pertencem a essa corrente. Os sunitas
se consideram o ramo mais tradicional e ortodoxo do Islã.
Após
o ataque às Torres Gêmeas, em 2001, o mundo passou a associar o terrorismo aos
muçulmanos, especialmente aos xiitas, considerados extremistas e
fundamentalistas religiosos, o que agravou ainda mais o antagonismo já
existente entre o islamismo e a cultura ocidental, principalmente
norte-americana.
Referências:
POLAZZO,
Carmem Lícia. As múltiplas faces do Islã. Saeculum
– Revista de História, n. 30, João Pessoa, jun. 2014.
LÊUS,
Lucas Rezende et al. O Corredor Xiita no Oriente Médio e seus reflexos para a
segurança internacional.
ASSISTA NO YOUTUBE: https://youtu.be/5MRtqDt05RI
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